terça-feira, 26 de outubro de 2010

Cão que grita




Grita
Monta aflita fala
Solta verbo inculto
Em tua mão rasga a cultura
Fura crua e dura a alma
Grita
Frita sem sabor teu fel
Mas escreve mel?
Nulo
Fulo
Multa a benesse do poema
E te emblema como embaixador
Vil declamador.
Canastro canhestro
Nulo
Fulo
Dita e grita
Rebaixa o ambiente com torpor
E odor etílico
És bélico
Sintético e cético fico
Que poema de sobra cria?
Varia na sobra dos mortos
Luminosidades tortas
Merece uma torta
Caro Nulo
Páginas tuas de um bar
Sem azul, verde ou âmbar
Opaco
Fraco tu que grita e briga
Cão de bar
Cão e bar
Cão bar
Porque não te calas?

Alceu Amaral

Em homenagem ao Cão

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Fila


Tinha 25 acho que mais bom nenhum conhecido para ter que dar oi apertar a mão ou dizer que esta tudo bem família estas coisas padrão de quem não quer falar também mas como os olhares se cruzaram fica inevitável não cumprimentar e tal O ar estava bom forte acho que é a única coisa boa em estar numa fila deste tipo quilométrica Que sentido? que função? mas aqui esta a mochila esta o cheque que conta mesmo?  Sempre tenho que olhar umas três vezes até chegar  no guichê Tem uma boa ali no meio da fila nossa ta se escondendo bunda redonda ummmmm passou um colono fedido por aqui Chegou uma atrás de mim e falando alto deve estar cuspindo horrores sem se escovar E olha que almocei cedo Troquei o pé Esquerda direita ai fila esquerda direita  Coça aqui O relógio do bolso da calça foi para jaqueta da jaqueta para a calça novamente Ai um livro aqui olha até de pé seria interessante Lá vai uma moça com salto alto Que alarmesino bem chato fila Senha 45 Senha 46 Qual a minha mesmo? fila Olha a roupa da aquela mulher nosssa lá no centro eu a veria vindo Olha essa eu casava que loucura que rosto de de de sei lá vai passar aqui é de casar Pena não trazer os fones Faltam menos do que faltavam Como não se sentir um número aqui como não estar como um robô? I o cara do caixa vai sair vai Sabe  deus quando volta Mas nem umas cadeiras pelo menos para os 10 primeiros da fila Bom já estou entre o top 10 De onde será este cara um advogado não entra em fila político também não Todo engravatado i vai ver é assaltante de banco as vezes eles se vestem bem para não causar suspeita ta vai ver é um despachante ou contabilista metido a besta que comprou este traje em um brechó Tem vento La fora Porque em banco nunca tem criança? La vem a moça do salto alto Já da para contar nos dedos Senha 55 Vou tirar o cheque na mochila nossa é tanto papel anotação caneta lembrete carta para por no correio dinheiro para passar na ferragem ufa 57 só mais um iiiiiiiii o cara foi lá para dentro volta volta ai ai nossa o cara ta com um monte de papel a ali ta me vou aqui até as 14 h e este do lado com cara de nerd ? Porque não me chama este cara da outra fila batucando ta me irritando ta eba cheque documento ele carimba organiza passa tecla me olha rapidamente paga eheheheee!!!  To descendo to descendo aqui já ta mais quente to saindo ufa! Sai. Sai da fila

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ser, não professor



É dia do professor e devo refletir.
E a imagem que tenho no olhar não é a melhor, mas devo agradecer, por ter a oportunidade de poder me expressar, de dizer que não estou contente, não por não estar dentro de uma sala de aula, se assim fosse seria um desabafo egoísta puro e simples, mas minha voz é maior e composta por outras tantas, que como rebeldes , renegados estão devidamente formados, mas não estão atuando em sala de aula, pela falta de oportunidade.
Negar oportunidade é uma crime.
O que motiva tal absurdo, se todo início de ano as manchetes são as mesmas, falta de professores em todo estado?
A escolha política feita pelos governantes do Rio Grande do Sul, respondo. Sendo mais direto ainda, a falta de concursos públicos. Dever moral de um governo que valoriza o futuro de seu povo, pois valorizar a educação é poupar-lhes reveses dos mais escrabosos.
Sou formado em Letras Licenciatura Plena, e estou fazendo uma Pos graduação, pública que se diga aqui, do Governo Federal, pois não posso me furtar de falar em política, pois é ela que por vezes  a despeito das vontades dos cidadãos, que conduz esta nau chamada nação.
Eu não posso comemorar este dia, não posso sentir os sabores da profissão,  muito menos as alegrias das soluções encontradas, não posso ser testado em minhas habilidades e competências, não posso desvendar o sorriso de uma criança, não posso, não posso.

Já ministrei educação particular, mas creio firmemente que a educação pública deveria ser o objetivo cabal de um professor.
Os contratos emergências, os contratos por empresas terceirizadas não dão dignidade, e seus processos de contratação são no mínimo escusos e injustos, ou seja soluções de improviso, de desleixo.
Fica sim minha mágoa, minha dor por ambientar em minha garganta o embargo de uma sonho, de uma desejo de uma vontade, de contribuir para um país melhor para mim e para meus semelhantes


Alceu Amaral da Silva