quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Vento fechado


Ventos do fim
do dia,
do ano,
dos horários e seu festim
Verboclausura é usura dos dias poeticamente ventosos
levam adeuses e versos que não podem ser mencionados ao longe
e conservam fechados
não ditos.
Verboventania louca sem nome
Ver o vento
Ver o vento
e não ver

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Twitaços




Como combater uma idéia ? Com outra idéia.

Poerma, pustema, trema a trama que me leva para cama com meus inimigos

Eu. por mim mesmo. Um caldeirão mutável bemm loco, numa tempestade de eternas novidades

Estranho é ser eclético aos olhos dos iguais

Hedonistas dias de primavera

Ler é viver com várias vidas

Destratar a intelectualidade é assumir sua mediucridade

No meu tempo Ficha Limpa era não ter passagem pela Polícia

Um Twitter por um Bitter

Para quem serve sua erudição?

Asneira era um asno com caganeira, agora e é um asno no twitter

Eu gosto do desgosto, assim partindo, em ação, sendo verbo

Anita amou, sonhou. Anita acordou, olhou ....................Morreu

Acho que vou desligar o sistema, ficar off. Ou tomar uma Smirnoff

domingo, 7 de novembro de 2010

Terra e sangue uma invasão



Enquanto o magro barbudo e azedo lhe penetrava, pensava, via, sentia.



O Oficial chegou e escolheu se estabelecer na barraca grande, era alta e dava para ver todo o acampamento, carregava um papel e uma caneta, a pasta um outro de colete levava, os polícia iam organizando a fila e sendo cuspidos, a fila era grande já,com suas armas que passavam da cabeça, alguns não falavam, eram soldados de chumbo.
_Pega as inchadas, pás, arados põe no caminhão, da pro fazendeiro, ordenou o oficial.

Algumas barracas ardiam em chamas e outras em pranto, algumas mulheres, tinham um pranto recolhido.
Gritos, palavrões, fumaça, cães sendo degolados, os mantimentos sendo amontoados, nada escapava daquela mão, de quem era aquela mão? Até hoje ela pensava e não sabia responder, por medo, raiva, dor ou porque não queria seguir respondendo tamanha interrogação.
_Faz o caminhão entrar, sem estragar o terreno do Dr, ouviu? Falava já mais alto.
Separaram crianças e mulheres em uma fila longe dos maridos, elas gritavam, vociferavam, algumas com palavras de ordem, outras com ofensas desafiantes, outras chamavam para briga, esquecendo sua magreza , sua tez cansada e judiada, eles de chumbo mais e mais se pareciam.
Via tudo ouvia tudo, achou estranho o homem gordo de bombacha sentado numa caminhonete alta, prateada, que fumava um charuto fedorento que exalava destacado entre a fumaça dos bambus queimados e estalantes.
Mas estranhava mais aquilo tudo, era sua casa que estava sendo demolida, era sua boneca de pano que caiu embaixo da roda do camburão, enquanto os soldados riam e olhavam para ela de cima a baixo, com um olhar que ela não conhecia.
Agora o oficial estava na janela do carro do homem, que escondido na aba do chapéu mirava com o dedo vários locais.
Quando voltou ouviu. _ Peguem estes mantimentos do Programa do Alimento e façam uma fogueira, queimem tudo.  Agora.
Tinha umas flores no costado da taipa do açude, que estava sendo feito,o seu Vilmar pisava nelas enquanto corria e fugia, lá ele caiu com um tiro, os polícia o cercaram, como insetos agora, um enxame, e logo brigavam entre si, um apalpava o corpo roto,hoje ela sabe, mas antes somava mais uma pergunta, porque?
_Joga a bandeira também no fogo, era outro grito.
Derrepente tudo mudou, um caminhão alto preto, forte, roncava o motor, e levava somente os homens por cima, tinha um toldo que escurecia tudo dentro, mas viu o reflexo de coronhadas, e de sangue espirrando alto, enquanto o caminhão marcava a terra ao sair.
O outro caminhão demorava mais, algumas mulheres e crianças entravam, lentamente neste após ser observadas por uma fila de polícias. Que riam e passavam a mão no saco.
Foi quando ela ouviu.
_Esta leva para o coronel.
Pegaram-lhe pelo braço, apertando, os dedos ficaram marcados ali depois de tudo, por mais que gritava e chamasse sua mãe, só os tapas ouvia, a levaram para a única barraca que estava em pé, onde saiu uma  outra menina sangrando pela perna e quase desacorda, viu aquele olhar estático, aquele olhar era um fero em brasa.
Lá ela ficou amordaçada pela ameaça do policial com a arma na mão.
Até que o homem de botas e bombacha entrou, tirou o chapéu e esalou uma baforada fedorenta na barraca, que tremia ao vento enegrecido pela fumaça mal cheirosa.
Tapeou-a e a jogou no chão, com os cabelos nos olhos ainda viu o homem baixar as bombachas. Gritava e apanhava na mesma medida.
Ele a cuspiu e arrancou- lhe a veste que por velha se rasgou fácil. Com a outra mão lhe apertava forte o seio recém nascido, intercalou as mãos com seu pênis a achar sua virgindade, penetrou, rasgou, mordeu e gemia , babava.
Já não se mexia enquanto o gordo fedorento encima dela se movimentava, parou de gritar, xingar, e bater, agora só se mexia em seu corpo ferido, um misto de sangue e lagrima a correr.
Ele saiu, pegou o charuto do chão, olhou e jogou em seu peito, a brasa pegou em sua pele, gritando viu o homem se arrumar e arfar o peito, indo embora como uma sombra.



O magro lhe pagou, deixou o dinheiro sobre o papel higiênico, pois não tinha nada além do colchão fino no quarto do bordel, não falou, era mais uma sombra que ela via ir como a primeira, mas hoje  recebo estes trocados, pensava, e via mais uma sombra ir  embora.





terça-feira, 26 de outubro de 2010

Cão que grita




Grita
Monta aflita fala
Solta verbo inculto
Em tua mão rasga a cultura
Fura crua e dura a alma
Grita
Frita sem sabor teu fel
Mas escreve mel?
Nulo
Fulo
Multa a benesse do poema
E te emblema como embaixador
Vil declamador.
Canastro canhestro
Nulo
Fulo
Dita e grita
Rebaixa o ambiente com torpor
E odor etílico
És bélico
Sintético e cético fico
Que poema de sobra cria?
Varia na sobra dos mortos
Luminosidades tortas
Merece uma torta
Caro Nulo
Páginas tuas de um bar
Sem azul, verde ou âmbar
Opaco
Fraco tu que grita e briga
Cão de bar
Cão e bar
Cão bar
Porque não te calas?

Alceu Amaral

Em homenagem ao Cão

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Fila


Tinha 25 acho que mais bom nenhum conhecido para ter que dar oi apertar a mão ou dizer que esta tudo bem família estas coisas padrão de quem não quer falar também mas como os olhares se cruzaram fica inevitável não cumprimentar e tal O ar estava bom forte acho que é a única coisa boa em estar numa fila deste tipo quilométrica Que sentido? que função? mas aqui esta a mochila esta o cheque que conta mesmo?  Sempre tenho que olhar umas três vezes até chegar  no guichê Tem uma boa ali no meio da fila nossa ta se escondendo bunda redonda ummmmm passou um colono fedido por aqui Chegou uma atrás de mim e falando alto deve estar cuspindo horrores sem se escovar E olha que almocei cedo Troquei o pé Esquerda direita ai fila esquerda direita  Coça aqui O relógio do bolso da calça foi para jaqueta da jaqueta para a calça novamente Ai um livro aqui olha até de pé seria interessante Lá vai uma moça com salto alto Que alarmesino bem chato fila Senha 45 Senha 46 Qual a minha mesmo? fila Olha a roupa da aquela mulher nosssa lá no centro eu a veria vindo Olha essa eu casava que loucura que rosto de de de sei lá vai passar aqui é de casar Pena não trazer os fones Faltam menos do que faltavam Como não se sentir um número aqui como não estar como um robô? I o cara do caixa vai sair vai Sabe  deus quando volta Mas nem umas cadeiras pelo menos para os 10 primeiros da fila Bom já estou entre o top 10 De onde será este cara um advogado não entra em fila político também não Todo engravatado i vai ver é assaltante de banco as vezes eles se vestem bem para não causar suspeita ta vai ver é um despachante ou contabilista metido a besta que comprou este traje em um brechó Tem vento La fora Porque em banco nunca tem criança? La vem a moça do salto alto Já da para contar nos dedos Senha 55 Vou tirar o cheque na mochila nossa é tanto papel anotação caneta lembrete carta para por no correio dinheiro para passar na ferragem ufa 57 só mais um iiiiiiiii o cara foi lá para dentro volta volta ai ai nossa o cara ta com um monte de papel a ali ta me vou aqui até as 14 h e este do lado com cara de nerd ? Porque não me chama este cara da outra fila batucando ta me irritando ta eba cheque documento ele carimba organiza passa tecla me olha rapidamente paga eheheheee!!!  To descendo to descendo aqui já ta mais quente to saindo ufa! Sai. Sai da fila

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ser, não professor



É dia do professor e devo refletir.
E a imagem que tenho no olhar não é a melhor, mas devo agradecer, por ter a oportunidade de poder me expressar, de dizer que não estou contente, não por não estar dentro de uma sala de aula, se assim fosse seria um desabafo egoísta puro e simples, mas minha voz é maior e composta por outras tantas, que como rebeldes , renegados estão devidamente formados, mas não estão atuando em sala de aula, pela falta de oportunidade.
Negar oportunidade é uma crime.
O que motiva tal absurdo, se todo início de ano as manchetes são as mesmas, falta de professores em todo estado?
A escolha política feita pelos governantes do Rio Grande do Sul, respondo. Sendo mais direto ainda, a falta de concursos públicos. Dever moral de um governo que valoriza o futuro de seu povo, pois valorizar a educação é poupar-lhes reveses dos mais escrabosos.
Sou formado em Letras Licenciatura Plena, e estou fazendo uma Pos graduação, pública que se diga aqui, do Governo Federal, pois não posso me furtar de falar em política, pois é ela que por vezes  a despeito das vontades dos cidadãos, que conduz esta nau chamada nação.
Eu não posso comemorar este dia, não posso sentir os sabores da profissão,  muito menos as alegrias das soluções encontradas, não posso ser testado em minhas habilidades e competências, não posso desvendar o sorriso de uma criança, não posso, não posso.

Já ministrei educação particular, mas creio firmemente que a educação pública deveria ser o objetivo cabal de um professor.
Os contratos emergências, os contratos por empresas terceirizadas não dão dignidade, e seus processos de contratação são no mínimo escusos e injustos, ou seja soluções de improviso, de desleixo.
Fica sim minha mágoa, minha dor por ambientar em minha garganta o embargo de uma sonho, de uma desejo de uma vontade, de contribuir para um país melhor para mim e para meus semelhantes


Alceu Amaral da Silva

sábado, 25 de setembro de 2010

Vulto do desespero Shape of despair

Vulto altivo
Culpa de ver
Ativo arma de concreto

Multo o que vivo
Neste andar
Esquinas, subterrâneos
Lixo falante
Mendigo flamejante

Íris febril
Edifícios rima o caos
Aos que percebem
O infértil andar civil

Vulto anônimo
Cospe sacrosantos narcóticos
Do diário gás invisível
Manchete: carbônico, assuntos bélicos.

Vermelho amarelo verde
Siga morra bata
Espelho flagelo dever

Vá sombra, baldie esta culpa
Foste torpe lupa
Desejo somente a cidade
E ver sem enxergar.



  Haughty figure
       Guilt of seeing
       Active weapon concrete
         
  I fine what i live
  This floor
        Corners, underground
        Trash talking
        Beggar flaming

        Iris febrile
        Buildings rhyme chaos
        To those who perceive
        The infertile floor calendar

       Anonymous figure
       Spit sacrosanct narcotics
       Diary invisible gas
       Headline: carbon, matters of warfare.

       Red yellow green
       Follow die beat
       Mirror scourge duty


Poema inspirado na  arte de  Aaron Stainthope.
Estas imagens foram submetidas e criadas por Aaron Stainthorpe, co-fundador e vocalista da banda de rock britânica My Dying Bride. Ele projetou várias  das capas de CD, assim como grande parte da mercadoria.Também responsável por grande parte da fotografia.A maioria das obras de arte em seu site é feita por ninguém que não sejam imagens Aaron. Estas não foram criadas para atrair ninguém - são manifestações dos pensamentos do autor.
Conheça sua arte em. http://www.azzron.com/index.html

These images were created by Aaron Stainthorpe, co-founder and vocalist for the UK Rock band My dying bride. He designed several of the bands cd covers as well as much of the merchandise. 
Also resposible for much of the photography.
Most of the artwork here is done for no-one other than Aaron.These pictures were not created to appeal to anyone - they are manifestations of the authors thoughts.  
know your art http://www.azzron.com/index.html