sábado, 14 de novembro de 2015

Nudes




terça-feira, 10 de novembro de 2015

Fim de Jogo




Nino gostava de jogar bola, nunca perdera, mas quando a bola caiu no pátio da dona Alzira, teve sua primeira derrota.

 

 

 

 

 

 

Foto: O Mouro

sábado, 10 de outubro de 2015

Dieta

_Amor quer provar uma Nutella diferente?


_ Não...


_Fico impressionado com sua rigidez dietética sexual.
 

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Linha da vida



Viver para não sobreviver.

Foto O Mouro

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Prêmio para o Premio


Tirei mais uma lasca do Premio, o caro da família, não sabíamos, mas depois engendramos na mente que ele era quase como um irmão, parte de nós, e nós o usamos.
O pai já não tinha dinheiro para atualizar os impostos, os papeis, então era um fantasma que só saia à noite, ou em um domingo deserto, para que a polícia em suas batidas inesperadas não o levassem.
O pai dizia que se isso acontecesse ia entregá-lo e sair a pé mandando os policiais se fuderem, sabia que não teria dinheiro para resgata-lo.
Como todo mundo da família ele também tinha uma lado bom, apesar de ser sempre vilipendiado e xingado por nós deixar no meio do caminho, tinha ar condicionado, nosso prêmio por suportar verões escaldantes rodando por ai.
Chegar onde quer que fosse não é o divertido para uma criança como eu, sofria com o calor, o legal era ir, uma das pás da saída de ar batia na janela e vinha direto no meu rosto, aquele vento cessava meu choro desde cedo, resfriava minhas queimaduras de alguma abuso praieiro. Depois de uma tarde completa de sol e mar, me adormecia, lambia minhas dúvidas de guri, e acalmava minha compulsão por mexer nas primeiras espinhas.
Suas quatro portas, sempre pareciam um paraíso se abrindo, mesmo quando as primeiras deteriorações começaram, a letra C do Premio CSL caiu, lembro que o pai só olhou e juntou, colocou no bolso e depois no armário da garagem, para por último desaparecer.
Uma vez fui a um médico com a mãe. Lá tinha ar condicionado, mas não era igual ao Prêmio.
A ferrugem deu boas vindas, e nós avisamos o pai, assim como os buracos no estofado que escondiam as nossas moedas, o pai pouco fazia,  e dizia:
_No fim do mês eu mando arrumar.
Comecei a sentir vergonha de andar com ele pelo bairro, mesmo que isso já fosse raridade, minha última traquinagem foi gastar toda gasolina que restava no tanque só para ficar com o ar ligado, foi uma tarde inteira entre banhos de mangueira e minutos dentro do carro. O castigo foi longo.
Certo dia depois de muitas reclamações nossas, o pai cedeu e concordou em irmos ao Laguinho, lugar no interior aonde muita gente ia se refrescar no verão.
Um dia clássico, churrasco nas árvores, futebol, banhos, escorregão, brigas do pai e da mãe, tudo.
Era hora de ir embora, o Fiat não queria pegar, parecia prever o que se revelaria nos próximos quilômetros. Mas pegou empurrando é claro.
Na estrada avistamos a frente e atrás de uns arbustos uma caminhonete da Polícia Rodoviária, gelamos mais que o ar que funcionava bravamente.
Coloquei a mão na cabeça, o policial mandou parar e encostar.
_Documentos, por favor, cidadão. O pai lentamente pegou uma carteira desmerecida pelo sol e pelo roçar de objetos de dentro do porta luvas e saiu do carro. Ouvimos.
_ Não mandei o senhor sair do carro cidadão.
Então falou o pai.
_ Sabe o que é policial...
Foi a última coisa que ouvimos o pai falar antes de ouvir:
_ Mãe pega o Alex e as coisas.
Ficamos ali esperando o agente da lei fazer um calhamaço de fichas, e esperando o guincho.
Mesmo com a presença gritante porem calada de nossos olhar, o policial não atendeu aos pedidos do pai, e fomos até uma parada de ônibus, a pé.
Eu tinha 15 anos, e o verão acabou ali.


    

sábado, 18 de julho de 2015

Frio





Frio
Fio condutor
De ardor desejado
Ladrejados nas ruas da imaginação
Em corpos cobertos és andante.

Palavras ditas com olhares.
Desertos sentimentos Transpiram
Próximo da lareira lacivante.
Arde a pele aproximada
Em brasa por dentro
Viva por fora.
É casa do sexo

Frio
Dita regras nas paredes fechadas
Tateando curvas, lãs, mantas
De vidas tantas
Assim nascentes.
Aposenta a solidão,
Entrelaça mais que dedos,
Baldeia roupas.
Só a pele grita
Agita aflita
Revela um gozo vaporoso,
Que dança em cômodos
Sem domos, livre,
Vira um vento contagiante,
Gigante em quem recebe,
Percebe, embebe.

Frio, morre em ponteiros, fios, telefones
Na rua, em ciclones rebela-se
Não tens convite
É cicerone da solidão
Teu limite é um site
Sem face ou Face
Gelado e calado
Ficas frio, ai sozinho.