quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Praça sem graça



Fui a praça com a criança mais importante.
Mostrar o presente alegre para a semente que plantei.
Engano colhi. Vi.
Praça vizinha da desgraça
Por ser sem graça
Praça dos brinquedos nublados
Do balanço no chão
De quebrado o riso surdo
Feio é o adulto mudo ao absurdo
Cinza suas cores
Não recebe criança, pois lá a alegria requer fiança
Praça de todos nós
Que amarrados a deixamos ao léu
Vítimas deste cruel ilhéu do descaso
Praça sem graça.
Escorregador com dor
Vai e vem estático
Carrossel asmático
Gangorra seviciada
Playground do futuro de fruto duro
Deveria ter passarela tão bela
Mas se forma baldio local de folhas sem nome
Praça sem graça.
Criança enferrujada desamada
Espelho de mim que não sei mais brincar.
Mostra uma perspectiva enleada
Meu filho foi embora, cabeça baixa
De passos miúdos.
Saio querendo um dia voltar aos dias,
Que deveria te construído.
Praça sem graça.
Praça sem crianças
Praça sem alegria.

5 comentários:

  1. Andei dando uma olhada no teu perfil e me tuas outras obras.
    São realmente muito boas e muito bem escritas.
    Lá na sala de aula, quando todos perguntaram "Foi o senhor quem escreveu o poema?", eu logo pensei "hum, não. Não acho que ele seria capaz de escrever algo assim."
    Engano meu.
    Me sinto tão superficial e aquilo que mais repugnei: julgador.
    Odeio quando me julgam e dizem que não sou capaz de algo, não sabem do potencial que carrego, e isso pode soar egocêntrico demais, ou talvez como um choque de estrelismo, enfim...
    Gostei muito, de verdade.

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    1. Muito obrigado por tão grande apreço por minhas palavras,continue me acompanhando.

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  2. Gostei de mais do poema����

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