sexta-feira, 30 de abril de 2010

Cortar


Uma dor nova
Eu em uma esquina
Aqui chuva fina.
Um adágio cinza
E o vazio a alma pinça.
Este retrato passado
Foi de ontem
Vitima de hoje.
Tão claros,
A escuridão agora não foge.
Temo este papel virar papel
E degusta-lo como fel
Depois rasgar
Em dois, o que era um.
Temo a discórdia doidivanas
De uma palavra desdita.
A ruptura infinita
Depois desfazer a daninha desventura
É risco sem ventura
Ferida que definha ao toque.
O retrato
O casal que se afoga
No naval destempero
Quem pode voltar ao porto firme
Depois da fadiga de uma briga?


Foto de , Dudu Cruz (Eduardo Augusto Carrilho Cruz), é músico percussionista, escreve crônicas e há mais de 10 anos trabalha com diagramação eletrônica.

Um comentário:

  1. ..uma dor nova
    sempre se renova
    e disfarça-se..
    Não há porto seguro,
    apenas nossas ilusões.

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