segunda-feira, 5 de julho de 2010

Papel pele II




Com quantos escarros
Temos uma pele humana?
Assim comida pelo sol
Negra sem nascer.
Seca.
Pele lascada
Ferida macerada
Encarcerada no baldio dos sentimentos
Seca o sangue dos narcotizados
Fere os santos de plantão
E estrupa o olhar dos crucificados
Estende tua cútis nas ruas
Para saltos aramados passarem
Mescla escrementos com lamentos
Desvirgina os papéis
Sevicia os fiéis
Em pedaços te espalha pelos cantos escuros
Dribla o muro moral dos claros
Seja funéria face da fábula
Lambe com afinco
Os com cara de zinco engravatados
Cobre a cidade como lençol
E conserva em formol este mundo exemplar
Aconchega os espúrios enfumaçados
Os pedintes pedantes afastados por vidros bem lavados
Os pedreiros desconstrutores
Os narizes queimados
E os perdidos no labirinto da garrafa

Pele sem nome
Com sobrenome apócrifo
Parede de todo muquifo
Pele sem grifo
De todos
Dentro de todos
Adendo
Inlido
Limo
Lodo
Coito
Pele

Arte por Belle Wether BelleWether@CornerPocketArt.com





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